
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) apresentou o balanço das áreas irrigadas atendidas pela estatal na última semana. O presidente da Companhia, Marcelo Moreira, adiantou que nos próximos oito a dez anos serão entregues ao menos 118 mil hectares a mais de terras com infraestrutura própria para a irrigação.
Essas novas áreas estão espalhadas por sete projetos de irrigação coordenados pela empresa nos estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia e Minas Gerais. Dois já estão em processo de implementação e a expectativa é que comecem a operar até o final do próximo ano. O mais adiantado é o projeto do Baixio do Irecê, na Bahia — a primeira concessão de um projeto de irrigação pública, onde são esperados 50 mil hectares irrigados.
Os demais perímetros de irrigação são:
- Jequitaí (MG) — com 10 mil hectares;
- Etapas 3 e 4 do Jaíba (MG) — 10 mil hectares;
- Iuiú (BA) — 25 mil hectares;
- Santa Brígida (BA) — 10 mil hectares;
- Tapera-Carneiro (AL) — 10 mil hectares;
- Etapa Norte do Pontal (PE) — 3 mil hectares.
“São projetos baseados em estudos técnicos que levam em consideração clima, aptidão produtiva da região, topografia, questões de escoamento da produção, e são projetos que vão dar certo e vão gerar muitos empregos e produzir alimentos. Irrigação sempre foi uma das nossas prioridades. E nós temos a consciência de que é uma ação que gera desenvolvimento e que a gente precisa”, destaca o presidente ao Agro Estadão.
De acordo com a Codevasf, os estágios de andamento dos projetos são distintos. Além do perímetro em Baixio do Irecê, o projeto do Jequitaí também já foi concedido. Os outros estão em processo de estudo ou modelagem de concessão. Iuiú tem previsão de leilão da concessão para o primeiro trimestre de 2026.
A concessão foi a forma que a estatal encontrou para dar andamento na política de promoção da agricultura irrigada, explica a diretora de Irrigação da Codevasf, Alessandra Cristina Rossin. Isso porque, apesar de ter as áreas, a estatal não possui recursos próprios para fazer as obras. Por isso, a tendência é que os próximos projetos sejam feitos em parceria com a iniciativa privada.
“Normalmente é assim: ele [setor privado] faz a exploração da venda de água e de área por um período, e, em contrapartida, ele conclui ou faz a infraestrutura [canais, adutoras, bombas de captação e barragens] necessária para as áreas de irrigação”, comenta a diretora.
R$ 8,15 bilhões em produção agrícola
Atualmente, a Codevasf tem 39 perímetros de irrigação que juntos somam 143,2 mil hectares. Desses, 125,4 mil hectares estão sendo utilizados para cultivo de mais de 50 culturas. Segundo a estatal, o Valor Bruto de Produção (VBP) foi de R$ 8,15 bilhões em 2024. Um crescimento de 42% em relação ao ano anterior.

Aproximadamente 50% desse valor veio da plantação de uvas, especialmente, nos projetos de irrigação que utilizam a água do São Francisco na altura das cidades de Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e Casa Nova (BA). O presidente da Codevasf justifica esse aumento devido ao volume de exportações da fruta e do câmbio favorável.
“Além de toda a parte de investimento em tecnologia dos produtores, existe a questão do mercado externo, já que de 20% a 30% das uvas são exportadas. Houve conjunturas internacionais que elevaram o preço para exportação no ano passado”, comenta.
Entre os 39 projetos, o projeto de irrigação Nilo Coelho, em Petrolina e Casa Nova, teve o maior VBP registrado, com R$ 4,5 bilhões. Entre as culturas, depois da uva, a manga (18%), banana (15%), cana-de-açúcar (3%) e goiaba (2%) foram as principais responsáveis pelo Valor Bruto de Produção das áreas irrigadas. Todas as culturas somaram mais de 4,4 milhões de toneladas de alimentos e geraram cerca de 356 mil empregos diretos ou indiretos, segundo a Codevasf.
*Jornalista viajou a convite da Codevasf
O post Codevasf planeja entregar 118 mil hectares de área irrigada em 10 anos apareceu primeiro em Agro Estadão.
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