Disseminação de discursos de ódio agrava violência escolar
Em ambientes fragilizados pela desvalorização da figura docente e pela precarização da infraestrutura escolar, nos quais estudantes padecem de sofrimento psíquico e as políticas para gerenciar conflitos são escassas ou inexistentes, os discursos de ódio propagados em comunidades virtuais e redes sociais podem causar um efeito devastador. Esse elemento é apontado como central para o desencadeamento dos ataques de violência extrema que se intensificaram no país entre 2022 e 2023.
O Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), do governo federal, contabiliza que o Brasil teve 43 ataques desse tipo, entre 2001 e 2024, resultando em 168 vítimas, das quais 47 morreram e 115 ficaram feridas (ver gráfico abaixo). Além disso, seis agressores também morreram. Armas de fogo foram utilizadas em 19 dos ataques e todos os autores eram homens. Investigações policiais mostraram que muitos deles foram influenciados por discursos de ódio propagados na internet. “Comunidades extremistas e fóruns digitais têm sido apontados como espaços de radicalização, nos quais jovens são incentivados a planejar e executar atos de violência extrema”, afirma o sociólogo Daniel Cara, da Universidade de São Paulo (USP), que coordenou o estudo “Ataque às escolas no Brasil: Análise do fenômeno e recomendações para a ação governamental”, publicado no final de 2023 e desenvolvido por um grupo de trabalho instituído pelo MEC.
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