Dólar, commodities e comércio mundial: o que acontece após o tarifaço?

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No dia após o tarifaço de Donald Trump, os efeitos nos mercados globais foram de incerteza. Como efeito, o dólar recuou 1% frente ao real, encerrando a quinta-feira, 03, a R$ 5,62, no menor patamar desde outubro do ano passado. A desvalorização na moeda norte-americana puxou para baixo as commodities agrícolas nas bolsas  internacionais. 

Em Chicago, o contrato da soja para maio recuou 1,75%, a US$ 10,11 o bushel, enquanto o trigo caiu 0,60% para US$ 5,36 o bushel, já o milho fechou praticamente estável, com perdas de 0,05%, a US$ 4,57 o bushel. 

Na bolsa de Nova York, o café arábica finalizou a sessão em queda de 360 pontos, sendo negociado a US$ 385,25 centavos por libra peso (cents/lbp) no vencimento de maio de 2025. Por outro lado, o robusta apresentou uma valorização de US$ 5, alcançando US$ 5,371 por tonelada no mesmo vencimento.

Apesar dos recuos, o analista sênior de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets, Ignacio Espinola, explica que a desvalorização do dólar pode impulsionar a competitividade dos grãos brasileiros. “O dólar mais fraco impacta as exportações americanas, tornando os produtos de outros países mais competitivos no mercado internacional”, afirma Espinola. 

O dólar seguirá em desvalorização?

No curto prazo, segundo o economista Roberto Troster, o dólar deve seguir perdendo força à medida que outras moedas, como o euro e o yuan (moeda chinesa), se valorizam. Segundo ele, esse movimento deve ser sustentado por dois fatores: a redução do fluxo financeiro para os Estados Unidos (EUA) e a perda de confiança no sistema financeiro do país. 

Troster argumenta que, mesmo com um cenário de juros altos nos EUA, a moeda norte-americana seguirá desvalorizada. “Para mim, as perspectivas não são de valorização do dólar, não. Nesse contexto, o produtor [brasileiro] vai continuar com o cenário positivo”, disse.

Oportunidade para comprar insumos

Se, por um lado, a desvalorização do dólar pressionou para baixo as cotações das commodities na bolsa internacional, por outro, o quadro pode ser favorável ao agricultores, principalmente, na compra de fertilizantes.

Thais Italiani, gerente de inteligência de mercado na Hedgepoint Global Markets, lembra que um dólar mais fraco também impacta os custos de produção, principalmente no caso dos insumos, onde o Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes utilizados nas lavouras. “Muitas vezes, o foco está na venda, mas é essencial considerar os custos. Esse pode ser um momento estratégico para a aquisição de fertilizantes e a gestão do custo de produção”, ressalta.

Mudanças na geopolítica e no mercado global

O professor de geopolítica do laboratório de pesquisa de Relações Internacionais da FACAMP, James Onnig, destaca que a política tarifária adotada pelo governo dos EUA, anunciando tarifas diferentes para cada país, desencadeia mudanças geopolíticas e comerciais. 

Do ponto de vista geopolítico, os EUA buscam enfraquecer o multilateralismo, consolidado há décadas. “O governo norte-americano quer estabelecer relações bilaterais, país a país, evitando os blocos econômicos, pois considera que esses acordos desfavorecem os EUA”, explica. Esse movimento pode tornar o cenário mais fragmentado, mas não significa o fim das alianças comerciais através dos blocos, nem o fim da Organização Mundial do Comércio, apesar de desencadear um enfraquecimento da instituição. 

Já no campo comercial, a imposição das tarifas sobre produtos de diversos países altera os fluxos de comércio que estavam estabilizados. “Historicamente, commodities e minérios fluíam do Ocidente para a Ásia, enquanto produtos manufaturados seguiam na direção contrária”, contextualiza. 

Segundo o especialista, com a postura protecionista, Trump quer evitar a entrada massiva de produtos estrangeiros, especialmente chineses e asiáticos, no mercado americano, estimulando a economia local e a geração de empregos. No entanto, o efeito pode ser reduzido, uma vez que novas fábricas são avançadas, sendo automatizadas e robotizadas, podendo gerar menos vagas de trabalho do que o planejado pelo republicano. 

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"Pai orgulhoso do Davi e da Leonor, casado com a Roberta, minha parceira de vida e meu maior apoio. Como conservador, acredito profundamente na importância da justiça e do reconhecimento do esforço individual, valores que considero fundamentais para construir uma vida íntegra e significativa. Minha fé evangélica é o alicerce que sustenta minha existência, pois acredito que Deus é a razão e a fonte de tudo, guiando meus passos e dando propósito a cada escolha que faço. Vivo para honrar meus princípios e para cultivar uma vida baseada na verdade, na ética e no amor ao próximo, sempre buscando ser um exemplo para minha família e comunidade."

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