Um evento realizado nesta segunda-feira (28) no Centro de Cana, nas dependências do Instituto Agronômico (IAC), em Ribeirão Preto (SP), como parte da programação da Agrishow, comemorou os 50 anos do Proálcool no Brasil. 

O programa, lançado oficialmente em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel, um dos presidentes militares, foi uma aposta do país diante de um choque nos preços do petróleo no cenário internacional. 

A celebração das cinco décadas do combustível no Brasil, que marcou o início de soluções energéticas renováveis e menos poluentes em território nacional, foi feita durante o Fórum das Câmaras Setoriais do Agronegócio Paulista. O evento contou com a participação do secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, do deputado federal Arnaldo Jardim (CID), do empresário Maurílio Biagi Filho, uma das figuras-chaves para o crescimento do programa, de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, além de representantes de outras entidades do agro brasileiro. 

As maiores atenções, no entanto, estiveram voltadas para Shigeaki Ueki, que era ministro de Minas e Energia durante o governo Geisel na época do lançamento do programa. Durante pouco mais de meia hora, ele lembrou fatos da política econômica da época que motivaram a busca por uma alternativa brasileira aos derivados de petróleo. 

Uma das medidas foi a flexibilização da legislação para a produção de cana-de-açúcar, que antes só podia ser cultivada com autorização do Instituto Nacional de Açúcar e Álcool (IAA), “Com isso, fizemos a disponibilidade de cana aumentar mais de 1000%, o que foi um dos fatores para impulsionar o projeto”, disse. 

Ueki, que também presidiu a Petrobras no governo posterior, de João Figueiredo, afirmou ainda que, inicialmente, o Proálcool foi muito criticado e só passou a ser aceito quando os Estados Unidos “validaram” a tecnologia. Ele acredita que essa dependência de aprovação externa contribuiu para o Brasil ter sido ultrapassado, justamente, pelos americanos e ocupe hoje a segunda colocação mundial na geração do combustível. 

Ueki já manifestou, em várias ocasiões, que considera essa vice-liderança “uma vergonha”. Ele acredita, no entanto, que o Brasil ainda tem condições de ser o primeiro do ranking. 

Semana do Etanol Paulista

Durante o fórum, foi lançada, oficialmente, a Semana do Etanol Paulista, prevista em projeto de lei do deputado estadual Lucas Bove (PL) e aprovada pela Assembleia Legislativa (Alesp) no início de abril. O objetivo é que uma série de atividades referentes ao combustível seja realizada sempre na primeira semana de junho. 

Segundo o deputado, presente ao lançamento, a ideia é que, por meio de um trabalho conjunto entre as secretarias estaduais de Educação e Agricultura, as escolas recebam palestras, dinâmicas interativas, entre outras ações, para que as crianças e jovens entendam as etapas da produção do etanol e a importância do combustível para o estado. “Explicar que é uma tecnologia renovável, as opções que São Paulo tem para baratear seu custo, enfim, abrir o setor para a molecada aprender, entender e, quem sabe, até se interessar para trabalhar”, declarou Bove. 

*Jornalista viajou a convite da CDI Comunicação

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