Você sabia que o HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum do mundo? Mesmo quem teve poucos parceiros sexuais ao longo da vida tem uma grande chance de já ter tido contato com esse vírus. Segundo o Ministério da Saúde, 75% dos brasileiros sexualmente ativos serão infectados pelo HPV em algum momento da vida.

Mais alarmante ainda: o HPV é responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, um dos tipos de câncer mais fatais entre mulheres no Brasil. Mas não para por aí. Este vírus silencioso pode causar uma série de outras doenças graves – tanto em mulheres quanto em homens.

Neste artigo, você vai entender tudo sobre o HPV: como se pega, quais são os sintomas, que exames detectam o vírus, o que ele pode causar além do câncer do colo uterino e, principalmente, como se proteger.

O que é o HPV e como ele é transmitido

HPV é a sigla para Papilomavírus Humano. Trata-se de um vírus extremamente contagioso, transmitido principalmente por contato direto entre pele e mucosas. Isso significa que o contágio não depende de troca de sangue ou fluidos corporais, como acontece com o HIV, por exemplo.

A transmissão pode ocorrer durante qualquer tipo de atividade sexual, incluindo:

• Sexo vaginal

• Sexo anal

• Sexo oral

• Masturbação mútua

Ou seja, mesmo com o uso de camisinha, há risco de contaminação, já que o vírus pode estar presente em regiões não cobertas pelo preservativo.

Embora existam mais de 100 tipos diferentes de HPV, cerca de 40 variedades afetam a região genital, e pelo menos 13 são considerados de alto risco por estarem ligados a diferentes tipos de câncer.

Sintomas do HPV: quando o vírus se manifesta

Na maioria dos casos, o HPV não apresenta sintomas, e a pessoa infectada pode nem imaginar que carrega o vírus. Isso torna a doença ainda mais perigosa, pois facilita a disseminação silenciosa.

Quando os sintomas aparecem, os mais comuns incluem:

• Verrugas genitais com aparência de couve-flor

• Lesões na vulva, vagina, colo do útero, pênis ou ânus

• Em alguns casos, alterações nas células do colo do útero detectadas pelo exame de Papanicolau

No caso das mulheres, essas lesões podem surgir em locais internos e invisíveis, como dentro da vagina ou no colo do útero. Por isso, o exame preventivo é essencial.

HPV e câncer: a descoberta que mudou a medicina

Nos anos 1980, o cientista alemão Harald Zur Hausen desafiou a comunidade científica ao sugerir que um vírus poderia causar câncer. Foi ele quem, após muitas pesquisas, conseguiu provar que os tipos HPV-16 e HPV-18 estavam diretamente ligados ao desenvolvimento do câncer de colo do útero.

Esses dois tipos de HPV estão presentes em quase 70% dos casos desse tipo de câncer. Por sua descoberta revolucionária, o Dr. Zur Hausen recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 2008.

Além do câncer de colo do útero, o HPV também pode causar:

• Câncer de vagina

• Câncer de vulva

• Câncer de pênis

• Câncer anal

• Câncer de boca e garganta (especialmente orofaringe)

Estudos apontam que cerca de 70% dos cânceres de orofaringe estão associados ao HPV, especialmente em pessoas com mais de 40 anos.

Nem sempre o HPV causa câncer

Embora seja um vírus perigoso, o HPV pode desaparecer sozinho em 80% a 90% dos casos, graças à resposta do sistema imunológico. No entanto, 10% a 20% das infecções se tornam persistentes. Essas são as que oferecem maior risco de evolução para câncer.

Por isso, mesmo que a maioria das pessoas elimine o vírus naturalmente, não se deve ignorar a infecção, especialmente se ela for causada por um dos tipos considerados de alto risco.

Como detectar o HPV: exames e diagnóstico

Muitas vezes, o diagnóstico do HPV acontece por meio de exames de rotina, como o Papanicolau, que identifica alterações nas células do colo do útero. Em casos específicos, o médico pode solicitar:

• Colposcopia

• Biópsia do colo do útero

• Exames de biologia molecular (PCR) para identificar o tipo do vírus

A realização periódica desses exames pode reduzir em até 80% a mortalidade por câncer de colo do útero, caso o problema seja detectado precocemente.

Como se proteger do HPV

Existem duas formas principais de reduzir o risco de infecção pelo HPV:

1. Uso do preservativo

A camisinha reduz o risco de transmissão, mas não elimina completamente as chances de contágio, pois o contato é pele a pele. Ainda assim, é altamente recomendada como método de prevenção.

2. Vacina contra o HPV

A vacina é a forma mais eficaz de prevenção. Atualmente, o SUS oferece gratuitamente a vacina para:

• Meninas de 9 a 14 anos

• Meninos de 11 a 14 anos

São duas doses com intervalo de 6 meses. Quanto mais cedo for aplicada — de preferência antes do início da vida sexual —, maior é a eficácia, podendo chegar a 99% de proteção contra os tipos mais perigosos do vírus.

O HPV pode ser transmitido de mãe para filho?

Sim, embora raro, o vírus pode ser transmitido durante o parto e causar uma condição chamada papilomatose respiratória, que afeta a traqueia e os pulmões do bebê, podendo comprometer sua saúde por toda a vida.

Mais um motivo para garantir a vacinação antes da gravidez ou em idade adequada.

Conclusão: informação e prevenção salvam vidas

O HPV é um vírus comum, mas não deve ser subestimado. Mesmo sendo, na maioria das vezes, inofensivo e temporário, ele pode se tornar uma ameaça silenciosa à saúde.

Felizmente, a prevenção é possível, acessível e eficaz. O uso de preservativos, a realização de exames regulares e a vacinação são as melhores armas contra o vírus e as doenças que ele pode causar.

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Sintomas do HPV – Papiloma Vírus Humano- doença perigosa e silenciosa