Ibovespa: É hora de abrir a carteira? 22 analistas indicam os melhores papéis para lucrar em março
Se 2025 surpreendeu os mais pessimistas, com o Ibovespa chegando a 129 mil pontos e o dólar indo a R$ 5,7, não podemos dizer o mesmo de fevereiro. O mês voltou a registrar perdas expressivas do índice, de 2,6% e 3,5% em dólar.
O vilão da vez foi a caneta de Donald Trump, com o vai e vem de tarifas aplicadas à China e aos vizinhos México e Canadá, que imundou o mercado de incertezas. Investidores temem que uma guerra comercial alimente a inflação, já que os preços vão subir invariavelmente.
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E nem mesmo o alívio das taxas de juros nos Estados Unidos, com os Treasuries de 10 anos caindo de 4,8% antes da posse do novo governo, para 4,30% atualmente, foram suficientes para impulsionar os índices americanos, que estão nas mínimas do ano.
Brasil e a eterna discussão dos juros
Aqui no Brasil, investidores continuam monitorando os juros. Para Ágora, é prematuro imaginar que houve eventual inversão do ciclo de política monetária. Afinal, sequer chegamos ao pico da Selic.
Ademais, a corretora lembra que as projeções para a inflação seguem desancoradas e a despeito do IPCA-15 abaixo do previsto, novas iniciativas de estímulos fiscais devem limitar a queda dos juros futuros.
“A indefinição sobre a aprovação do Orçamento de 2025 contribui para a manutenção da percepção de risco”, diz.
O BTG argumenta, porém, que, nesse momento, os economistas estão convergindo para a visão de que o ciclo de aperto monetário pode terminar em maio, com uma taxa Selic terminal entre 14,75% e 15,25%.
Ainda segundo o banco, nesse nível, as taxas reais estariam em níveis extremamente altos (9-9,5% de taxas reais) e acabariam por trazer a inflação de volta à meta.
De qualquer forma, quando as taxas pararem de subir, os mercados naturalmente começarão a discutir quando elas poderão começar a cair.
“E, embora seja improvável que as condições econômicas permitam cortes nas taxas este ano, até mesmo uma pequena probabilidade pode ser suficiente para fazer os preços das ações subirem”.
Na economia, a atividade dá sinais de desaquecimento. Os analistas dizem que o PIB (Produto Interno Bruto) terá crescimento mais lento em 2025 do que no ano passado (1,5% ante os 3,5% de 2024) e, embora a taxa de desemprego possa aumentar em 2025, o mercado de trabalho deve permanecer apertado.
2026 é logo ali?
Outro ponto que começa a entrar no preço dos investidores são as eleições de 2026.
Segundo o BTG, embora seja muito cedo para pensar no pleito, uma série de pesquisas de opinião mostrou uma rápida deterioração das taxas de aprovação do atual governo, o que levou alguns investidores a se sentirem mais confiantes de que uma mudança de regime poderá ocorrer no próximo ano.
Mesmo que esses fatores combinados tenham desempenhado um papel importante na boa performance do Ibovespa no primeiro bimestre, diz o banco, “não acreditamos que eles continuarão a impulsionar os preços dos ativos no Brasil no curto prazo”.
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“Também acreditamos que as taxas de aprovação do governo já atingiram níveis extremamente baixos, mas com o presidente mais vocal e com a série de medidas populares que o governo está planejando anunciar nos próximos meses (mais sobre isso abaixo), as chances são de que a taxa de aprovação do governo aumente”.
Hora de se expor?
Ainda na visão do BTG, há alguns gatilhos adicionais no exterior que podem ajudar a bolsa brasileira.
Entre eles, um acordo entre os EUA e a China sobre o comércio e/ou um acordo de paz sobre a guerra Rússia-Ucrânia seria visto como desinflacionário, fazendo com que as taxas de longo prazo nos EUA caíssem ainda mais.
“Esse cenário certamente seria positivo para as ações brasileiras, que estão indiscutivelmente baratas – uma queda nas taxas de longo prazo no Brasil certamente faria com que as ações locais subissem”.
Por outro lado, a Ágora argumenta que não vê fundamentos para um maior entusiasmo em posições compradas em bolsa. “Mas reconhecemos um ambiente técnico que deveria ao menos reduzir as apostas contrárias”.
Apesar do desempenho fraco do Ibovespa em fevereiro, a corretora recorda a continuidade da entrada de capital estrangeiro no mercado.
No mês, até o dia 24, houve ingresso líquido de R$ 4,2 bilhões, chegando a um fluxo de capital externo positivo em R$ 11 bilhões em 2025.
Quais comprar?
Pensando nisso, o Money Times revirou a carteira de analistas de bancos e corretoras para descobrir os papéis que valem a pena neste momento. No total, foram 233 indicações, com 65 ações.
Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa, Andbank, BB Investimentos, BTG Pactual, CM Capital, Daycoval, EQI Research, Empiricus Research, Genial Investimentos, Itaú BBA, Monte Bravo, Nova Futura, Planner, PagBank, Rico, RB Investimentos, Safra, Santander, Terra Investimentos, Toro e XP Investimentos.
Veja a seguir:
Empresa | Ticker | Indicações |
---|---|---|
Itaú Unibanco | ITUB4 | 17 |
Petrobras | PETR4 | 15 |
JBS | JBSS3 | 13 |
Vale | VALE3 | 13 |
Suzano | SUZ | 11 |
Sabesp | SBSP3 | 9 |
Eletrobras | ELET3 | 8 |
BB Seguridade | BBSE3 | 7 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 7 |
Gerdau | GGBR4 | 7 |
Itaú, o grande líder
Depois de tatear a liderança nos últimos meses, o Itaú se tornou a ação mais indicada, com 17 recomendações. De acordo com a Ágora, os últimos resultados do banco trouxeram (e reforçaram) tendências fortes, onde se destaca o forte crescimento dos empréstimos, mesmo ajustando para o câmbio.
“Além disso, destacamos uma tendência muito forte na qualidade dos ativos, especialmente entre as PMEs (queda de 0,50 pp da inadimplência no trimestre), enquanto também houve uma melhora nos empréstimos individuais”.
A corretora sustenta ainda que a orientação do banco para 2025 implica um lucro líquido recorrente ao redor de R$ 45 bilhões (no ponto médio), o que está amplamente em linha com as estimativas — conferindo uma elevada previsibilidade e potenciais dividendos extraordinários.
Petrobras balança, mas não cai
A Petrobras, que após resultados ruins, dividendos fracos e queda do petróleo viu a sua ação despencar, ainda segue na carteira de analistas. O BTG diz que a empresa é a top pick (favorita) no setor de petróleo e gás, oferecendo uma combinação atraente de:
- crescimento sólido da produção,
- exposição ao dólar,
- dividendos competitivos
- governança corporativa que, embora não seja perfeita, inclui as proteções importantes
O BTG ainda diz que os recentes ajustes no capex – com o objetivo de alinhar melhor o progresso físico e financeiro – moderaram as expectativas de dividendos de curto prazo e podem ter algum impacto sobre os múltiplos de valuation.
“No entanto, se a produção se mantiver no rumo certo e os investimentos contribuírem para uma evolução mais rápida, a sólida base de ativos da Petrobras, especialmente nos campos do pré-sal, deverá continuar gerando um caixa (FCFE) robusto, apoiando os payouts de longo prazo”.
O agro é pop
Para fechar o top 3, a JBS recebeu 13 indicações e empatou com a Vale.
Para a Ágora, mesmo incorporando resultados avícolas mais fracos à frente, as ações estão sendo negociadas com um desconto injustificado em relação à sua média histórica, em termos de valuation, e abaixo dos pares do setor de proteínas.
“Além disso, boa parte da receita da JBS é dolarizada, o que a torna um player defensivo para o atual momento de instabilidade cambial.”
Bônus: Vale
A mineradora, que já liderou e foi a preferida de muitos analistas, perdeu o brilho, mas ainda continua bem indicada.
De acordo com o Safra, a empresa possui um cenário mais positivo para a produção e custos da empresa, juntamente com prêmios de minério de ferro potencialmente mais altos.
“Acreditamos que seu valuation relativamente mais barato em comparação com as grandes empresas australianas, o leve posicionamento dos investidores e o seu desempenho inferior aos preços do minério de ferro suportam nossa visão positiva”.
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