Imagens mostram animais minúsculos formando impressionante “torre” viva
O registro é inédito e foi celebrado por cientistas que analisam o inusitado esquema de cooperação desses seres A cooperação entre os animais é um tema que desperta grande interesse na ciência. Algumas espécies encontram estratégias coletivas muito arrojadas para enfrentar problemas, mas é provável que poucos pesquisadores pudessem prever a “torre” de vermes registrada pela primeira vez recentemente.
Juntas na mesma frase, as palavras “torre” e “vermes” podem sugerir uma cena digna de filmes gore, mas os animais em questão são tão minúsculos que é até difícil compreender as imagens. A torre mais parece ser um só animal (como o famoso bichinho da goiaba), mas, ao ser analisada em movimento através do microscópio, é possível ver que se trata da aglomeração de diversos indivíduos.
Imagens registradas pelos pesquisadores
Divulgação/Daniela Perez via Current Biology
São Caenorhabditis elegans, vermes nematoides que medem menos de um milímetro de comprimento. No século XX, esse invertebrado ganhou muito destaque no meio científico por possibilitar estudos inéditos sobre genética.
Na pesquisa que descobriu a torre, os animais foram observados em maçãs e peras em processo de decomposição. Conduzido na Alemanha por cientistas do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, o estudo foi divulgada no periódico científico Current Biology. Na publicação é possível assistir aos vídeos que mostram a estrutura das torres de maneira detalhada. E vale a pena!
Mas, afinal, por que esses nematoides se comportam assim? De acordo com os pesquisadores, há pelo menos duas razões. As torres servem como “pontes” para que os pequenos animais consigam se locomover e, através da união de vários indivíduos, eles têm mais facilidade para se agarrar a insetos – que também servem como meio de locomoção.
Ilustração feita para explicar detalhes das torres
Divulgação/Daniela Perez via Current Biology
Outro detalhe que surpreendeu os cientistas é a coordenação das estruturas. “Uma torre de nematoides não é apenas uma pilha de vermes”, diz Daniela Perez, principal autora do estudo e pesquisadora do Instituto Max Planck, em um comunicado da instituição. “É uma estrutura coordenada, um superorganismo em movimento”.
Ela e seus colegas defendem a importância da pesquisa para a compreensão do comportamento animal. “Nosso estudo abre um sistema totalmente novo para explorar como e por que os animais se movem juntos”, diz Serena Ding, coordenadora do programa de pesquisa sobre comportamento e genética de nematoides do Max Planck. “Ao aproveitar as ferramentas genéticas disponíveis para C. elegans, agora temos um modelo poderoso para estudar a ecologia e a evolução da dispersão coletiva”, complementa.
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