O brasileiro pode não ter se dado conta, mas o país está cada vez mais inserido na rota de grandes eventos do entretenimento e do esporte. E isso tem efeitos de multiplicação dos negócios, como no mercado de hotelaria de luxo.

“Todos esses eventos criam uma demanda enorme. São fenomenais, pois colocam o Brasil no mapa. Isso nos ajudou a impulsionar mais negócios em nossos hotéis e certamente mais viajantes no segmento de luxo, que buscam nossas marcas e experiências”, disse Louise Bang, CCO (Chief Commercial Officer) da Marriott International para América Latina e Caribe, em entrevista à Bloomberg Línea.

São eventos como o recente show de Lady Gaga na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que ganhou repercussão mundo afora diante do público estimado de 2,5 milhões de pessoas; sem contar novas edições do Rock in Rio, do Lollapalooza, do The Town e turnês de artistas no auge, como Bruno Mars, Coldplay e Taylor Swift, entre tantos outros em São Paulo, Rio e outras capitais.

Leia mais: Hotéis de luxo: os planos da Accor para crescer no Brasil além do eixo Rio-SP

Na área esportiva, São Paulo recebeu no ano passado um jogo da temporada regular da NFL (National Football League), entre o Philadelphia Eagles – que acabou meses mais tarde como o vencedor do Super Bowl – e o Green Bay Packers; e neste ano haverá novamente um jogo, em evento patrocinado pela XP.

Haverá ainda em Interlagos, em São Paulo, mais um Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. A categoria tem experimentado audiência recorde nos últimos anos e atraído uma legião de milhares de fãs de alta renda que viajam o mundo acompanhando ídolos como Max Verstappen, Lewis Hamilton e Lando Norris em equipes como Ferrari, Red Bull, McLaren e Mercedes.

No tênis, o país tem o Rio Open, em fevereiro, um ATP 500, categoria logo abaixo dos Masters 1000 em relevância entre os homens; e voltará em setembro a receber um torneio do circuito feminino, da WTA, depois de 25 anos, em São Paulo, na esteira do sucesso de ídolos como João Fonseca e Bia Haddad.

A Marriott tem aproveitado o calendário de megaeventos nas cidades brasileiras para proporcionar experiências aos hóspedes de seus hotéis.

“Faremos parcerias com todas as áreas em que nossos hóspedes compartilham paixões, como Fórmula 1 e NFL. Fizemos em Buenos Aires com o ATP [torneio do circuito profissional masculino de tênis]”, afirmou a executiva.

Leia mais: NFL expõe ambição global com sua primeira partida oficial em São Paulo

No Renaissance, a Marriott criou uma versão brasileira da experiência do tailgate, encontro festivo de amigos e familiares torcedores antes de uma partida da NFL.

“Não sabia que o Brasil tem um dos maiores grupos de fãs da NFL fora dos EUA. Foi fascinante. Aprendemos muito nessa jornada. Fizemos uma parceria com a NFL e isso foi realmente bom para nós”, contou Bang.

A rede norte-americana possui 14 unidades no país, entre eles, os tradicionais Renaissance no coração dos Jardins, em São Paulo, e o Sheraton Grand Rio, no Leblon, bairro nobre da famosa orla carioca, além do recém-inaugurado W São Paulo, primeira unidade da marca no país.

Aposta em sustentabilidade

Hoje o principal foco da companhia no país são os mercados de São Paulo, onde estão o Renaissance, o Marriott Executive Apartments, o W São Paulo, o Sheraton WTC Hotel, o JW Marriott, o São Paulo Airport Marriott e o Sheraton Santos; e o Rio de Janeiro, com JW Marriott, Sheraton Grand Rio, Residence Inn Barra da Tijuca e Courtyard Barra da Tijuca.

Em junho, a rede planeja a inauguração do Westin SP no Itaim Bibi, na região da Faria Lima, centro financeiro do país. Essa bandeira já está presente no litoral pernambucano desde junho de 2022 com o Westin Porto de Galinhas, que é o primeiro resort all-inclusive da marca.

No fim deste ano, será a vez da reabertura do Hotel Tropical Manaus, um resort localizado às margens do rio Negro, na capital do Amazonas.

“Estamos observando o crescimento do mercado de luxo no Brasil. Inauguramos o W São Paulo no final de 2024 e temos muitos turistas e paulistanos querendo desfrutar do hotel em sua própria cidade”, disse a CCO.

A primeira unidade da marca internacional W Hotels no país, com gestão da Marriott, foi fruto da parceria da incorporadora Helbor (HBOR3) com a HBR Realty (HBRE3) e a Toledo Ferrari, responsável pela construção do empreendimento de uso misto. O hotel ocupa um terreno com 6.000 metros quadrados, que abrigou a casa de shows Via Funchal até o início da última década.

W Gramado e projeto Maraey

Depois de São Paulo, a previsão é a abertura do W Gramado, um dos principais destinos da Serra Gaúcha, na região Sul do país.

O projeto foi anunciado como uma parceria com a KJP Participações, com previsão de 80 apartamentos e inauguração ainda em 2025.

Essa região do interior do Rio Grande do Sul tem atraído marcas internacionais, como o grupo suíço-alemão Kempinski, que assumiu a gestão do tradicional Laje da Pedra, em Canela, cidade ao lado de Gramado.

Além do projeto do W Gramado, a diretora da Marriott para América Latina e Caribe destacou uma nova aposta no estado do Rio de Janeiro: o projeto Maraey, um empreendimento turístico e residencial em Maricá, um município fluminense conhecido por suas paisagens litorâneas e áreas de mata atlântica.

A CCO da Marriott para LatAm disse que esse complexo turístico cria um destino com o forte conceito de sustentabilidade.

No total, serão três marcas importantes do portfólio no empreendimento: a Ritz-Carlton Reserve, que é a bandeira de resorts de luxo da rede, além do JW Marriott e do Rock in Rio Autograph Collection, primeiro hotel temático com a marca do festival de música.

Leia mais: Rebouças atrai hotéis de luxo e reforça apelo como novo eixo de lazer em SP

“Estamos animados também com o projeto Maraey, que fica em uma área de reserva”, afirmou a executiva.

A prioridade dos investimentos da rede está nas duas maiores capitais do Sudeste, por serem a porta de entrada dos visitantes estrangeiros no Brasil.

“Isso faz sentido por causa do tamanho das populações nessas duas cidades, a frequência de viagens e a familiaridade dos hóspedes com nossas marcas”, explicou Bang, que tem Miami como base.

Busca crescente por bem-estar

Segundo a executiva, a Marriott vê a busca crescente por serviços de bem-estar – wellness – como um dos fatores que impulsionam a preferência dos viajantes.

“Vemos isso no uso de equipamentos de fitness, treinos esportivos, Pilates, spas e atividades na cidade. Muitas experiências de spa estão mais personalizadas para o bem-estar”, disse a CCO.

Gastronomia é outro chamariz da hotelaria de luxo, com foco em encontros com chefs renomados. A Marriot assinou recentemente uma parceria com a chef mexicana Pati Jinich, residente nos EUA, que apresenta uma atração na TV.

“Levamos a Pati Jinich para um evento na Cidade do México. Tivermos vários hóspedes de todo o mundo que participaram e puderam perguntar à chef sobre os pratos, ao acompanhar a filmagem nos bastidores de seu programa de TV”, contou.

Na América Latina, o México é o maior mercado para a Marriott, com 150 hotéis de diversos formatos, incluindo resorts. A última aquisição na segunda maior economia da região, depois do Brasil, foi a marca City Express.

“Temos muito mais hotéis no México do que no Brasil, mas nosso desejo é ser a empresa de viagens preferida pelos turistas, tanto para quem está vindo para o país como para quem viaja ao exterior”, disse.

Leia também

Brasil pode receber até 5 unidades da rede de hotéis de luxo Faena, avalia Accor

Na disputa pelo cliente PJ e de alta renda, Itaú expande a fronteira até Miami

Lady Gaga no Rio de Janeiro: cachê supera US$ 1 milhão, segundo projeções