Maioria das pessoas no mundo confia nos cientistas

A maioria das pessoas no mundo confia nos cientistas e acredita que eles deveriam se envolver mais em questões sociais e na formulação de políticas públicas. É o que mostra um amplo estudo global publicado em fins de janeiro na revista científica Nature Human Behaviour . Uma equipe internacional de 241 pesquisadores entrevistou 71.922 pessoas em 68 países — incluindo nações tradicionalmente pouco estudadas no Sul Global, como República Democrática do Congo, Etiópia e Nicarágua — entre os meses de novembro de 2022 e agosto de 2023. O objetivo era verificar se, de fato, há uma baixa confiança nos cientistas — como muitos estudos sugerem — e se os níveis de confiança variam entre países. Os autores constataram que a confiança nos cientistas é relativamente alta entre a maioria das pessoas. O nível médio de confiança registrado no mundo foi de 3,62, em uma escala em que 1 representa uma confiança muito baixa e 5 uma muito alta. Globalmente, as pessoas percebem os cientistas como indivíduos altamente competentes, com integridade moderada e boas intenções, embora pouco receptivos a críticas. A maioria dos entrevistados também percebe os cientistas como qualificados (78%), honestos (57%) e preocupados com o bem-estar social (56%). O Egito foi o país com o índice de confiança mais alto: 4,30. Em seguida vem a Índia (4,26), a Nigéria (3,98), o Kenya (3,95) e a Austrália (3,91). O Brasil aparece na 21ª posição, com um índice de confiança de 3,78, acima da média global, mas atrás de países como Argentina (3,87) e México (3,87). A confiança nos cientistas tende a ser ligeiramente maior entre mulheres, indivíduos mais velhos, residentes de áreas urbanas, com mais renda, educação formal e visões políticas mais alinhadas à esquerda, sobretudo nos países ocidentais, um achado consistente com pesquisas realizadas nos Estados Unidos. Já em países como Austrália, a orientação política não parece influenciar a confiança nos cientistas, oque sugere que a polarização em torno da ciência não é necessariamente um problema tão significativo naquele país, embora possa ser relevante em questões científicas mais específicas, como mudanças climáticas. Globalmente, o que realmente pareceu fazer diferença foi o grau de adesão à chamada orientação de dominância social ( social dominance orientation — SDO), tendência a aceitar e apoiar a existência de relações hierárquicas entre grupos sociais. Pessoas com altos níveis de SDO demonstraram confiar menos nos cientistas, outro achado consistente com estudos anteriores. A maioria dos participantes também concorda que a ciência deve ter um papel mais ativo na sociedade e na formulação de políticas públicas, e que os cientistas devem trabalhar em estreita colaboração com políticos, visando integrar os resultados de suas investigações na formulação de políticas. Globalmente, 83% dos entrevistados acreditam que os cientistas deveriam se comunicar mais com o público em geral. Além disso, quase metade (49%) dos entrevistados pensa que os cientistas devem defender ativamente políticas específicas, enquanto 52% acham que eles devem ter maior participação no processo de tomada de decisões. O levantamento também verificou que muitas pessoas sentem que as prioridades da ciência nem sempre estão alinhadas às suas. De modo geral, muitos dos entrevistados concordam que as prioridades de pesquisa deveriam ser o aprimoramento da saúde pública, a resolução de problemas energéticos e a redução da pobreza. No entanto, as respostas sugerem uma discrepância substancial entre o que eles esperam que os cientistas priorizem e o que, de fato, a ciência está priorizando atualmente, com a redução da pobreza mostrando a discrepância mais substancial. Por sua vez, o desenvolvimento de tecnologias de defesa e militares são percebidas como menos urgentes, ainda que, globalmente, a percepção dos entrevistados seja a de que esse tema é o que recebe maisatenção dos cientistas. De modo geral, os achados refletem pesquisas ocidentais que mostram que os cientistas estão entre as pessoas mais confiáveis da sociedade, contrariando a narrativa de uma suposta crise de confiança na ciência. Seja como for, os autores recomendam os cientistas levem esses resultados a sério. Segundo eles, é importante que eles encontrem maneiras de serem mais receptivos a críticas e abertos ao diálogo com o público, considerando novas maneiras de atingir grupos conservadores.

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"Pai orgulhoso do Davi e da Leonor, casado com a Roberta, minha parceira de vida e meu maior apoio. Como conservador, acredito profundamente na importância da justiça e do reconhecimento do esforço individual, valores que considero fundamentais para construir uma vida íntegra e significativa. Minha fé evangélica é o alicerce que sustenta minha existência, pois acredito que Deus é a razão e a fonte de tudo, guiando meus passos e dando propósito a cada escolha que faço. Vivo para honrar meus princípios e para cultivar uma vida baseada na verdade, na ética e no amor ao próximo, sempre buscando ser um exemplo para minha família e comunidade."

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