A Multiplan (MULT3) registrou um lucro líquido de R$ 234 milhões no primeiro trimestre de 2025, queda de 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O recuo já era esperado pela companhia por conta da estratégia de recompra de ações.

Armando D’Almeida, CFO da Multiplan, explicou em entrevista ao Money Times, que os R$ 2 bilhões usados para diminuir o tamanho da empresa através da recompra, embora impulsionassem o lucro por ação em 44,1%, elevaram as despesas financeiras e derrubaram o lucro geral.

Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 400,6 milhões no trimestre, um crescimento de 2,5% ano a ano e levemente acima da expectativa média de analistas, de R$ 398,3 milhões, segundo dados compilados pela LSEG. A margem passou de 74,6% para 76,2% na mesma base.

Já a receita líquida da companhia ficou praticamente estável no comparativo anual (+0,4%), em R$ 525,7 milhões, com avanços no faturamento com locação (+5,3%) e serviços (+14,5%), mas queda na linha “outras receitas” (-89,1%).

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Apesar do impacto da alavancagem no resultado final, o desempenho operacional da Multiplan no primeiro trimestre de 2025 foi notável. As vendas totais dos lojistas nos shoppings da companhia alcançaram a cifra de R$ 5,5 bilhões, um avanço de 7,9% em relação ao 1T24 e o maior valor já registrado para um primeiro trimestre na história da empresa

Boa parte desse resultado foi puxado por investimentos em revitalizações e expansões, que vêm dando retorno rápido, segundo Almeida. O BarraShopping, no Rio de Janeiro, que está em reforma, segue como o ativo mais relevante da empresa e cresceu 14,9% em vendas, totalizando R$ 833,6 milhões no período.

Já os recém-expandidos DiamondMall, em Minas Gerais, e ParkShopping Barigüi, no Paraná, atingiram R$ 619,8 milhões em vendas, com alta de 19,8%. O fluxo de veículos nas duas unidades subiu 9,5%, indicando maior engajamento do público com os empreendimentos após as melhorias.

Para os próximos trimestres, a Multiplan planeja entregar novas fases de expansão em três shoppings: Parque Shopping Maceió, em Alagoas, e MorumbiShopping, em São Paulo, ainda em 2025, e ParkShopping, no Distrito Federal, em 2026.

Vale destacar também que no primeiro trimestre de 2025, a Multiplan seguiu sua estratégia focada na alocação de capital, destinando R$ 110 milhões para o pagamento de JCP (Juros sobre Capital Próprio). Além disso, a empresa realizou a recompra de 1,2 milhão de ações e o cancelamento de 6 milhões de papéis em tesouraria.

Ao mesmo tempo, a companhia investiu R$ 120,5 milhões em expansões e revitalizações de seus empreendimentos, com o objetivo de adaptar seus imóveis às necessidades de consumidores e lojistas e fortalecer seu crescimento no longo prazo. Essa combinação de ações resultou em um aumento de 44,1% no lucro por ação em março de 2025 (considerando os últimos 12 meses), quando comparado ao mesmo período de 2024,

App Multi vira canal estratégico e tecnologia avança nos bastidores

A Multiplan vem apostando pesado em soluções digitais para aproximar lojistas e consumidores. O app Multi ultrapassou 8,5 milhões de downloads e já se consolida como principal canal de relacionamento da empresa com o público.

Dentro do aplicativo, o programa de fidelidade MultiVocê teve um salto de 73% no valor das notas cadastradas, reunindo mais de 600 lojistas e 2,3 mil benefícios ativos.

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No bastidor, a companhia lançou a funcionalidade no estilo “Conheça seu Cliente”, que permite aos lojistas acessarem dados anonimizados sobre perfil, comportamento de compra e origem dos consumidores. “Estamos devolvendo aos lojistas informações estratégicas que ajudam a vender mais”, explicou o CFO.

Outro destaque é o Acesso Multi, sistema de pagamento automático de estacionamento, que já soma 1,5 milhão de veículos cadastrados. O serviço, que completa um ano desde a remoção das cancelas, se tornou a principal forma de pagamento de estacionamento da rede.

Incerteza global tem impacto limitado no negócio

Mesmo diante de um cenário internacional turbulento, com tensões geopolíticas e o temor de uma recessão global, a Multiplan diz sentir impacto limitado sobre seu modelo de negócios.

“O impacto aqui é muito mitigado. O nosso portfólio é majoritariamente formado por operações brasileiras — cerca de 75% a 80%. E mesmo as marcas estrangeiras são, em sua maioria, da Europa. Não sentimos grandes efeitos diretos”, disse Almeida.

O executivo também destacou que os shoppings ganharam novo status no Brasil como “equipamento urbano”, reduzindo a elasticidade do consumo mesmo em momentos de incerteza. “As pessoas continuam indo ao cinema, almoçando fora, tomando sorvete. O shopping virou parte do cotidiano”, disse.

Além disso, a queda recente nas curvas de juros futuras no Brasil para uma taxa inferior a 14% deve beneficiar o setor. “Isso destrava valor, inclusive nas ações”, pontuou o CFO.