Na Agrishow, Alckmin comenta tarifas de Trump e promete atenção ao Plano Safra
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou que a política tarifária adotada pelo governo Donald Trump, nos Estados Unidos, deverá impulsionar o acordo do Mercosul com a União Europeia e trazer oportunidades para o agro brasileiro. A declaração foi dada durante a abertura da 30ª edição da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, neste domingo, 27, em Ribeirão Preto (SP).
Alckmin disse que o Brasil deverá buscar o diálogo com os norte-americanos. “A situação com os Estados Unidos não é boa para ninguém, mas deverá gerar possibilidades para o Brasil. Se for olho no olho, todos ficam cegos”, afirmou.
Em tom bem-humorado, ele apresentou medidas recentes tomadas pelo governo para fortalecer o agro, como a mistura de 30% do etanol na gasolina, com previsão de chegar a 35%, e a crescente adoção de biodiesel no diesel comum, hoje em 14%. Relembrou, também, o programa Nova Indústria Brasil (NIB) lançado no ano passado para financiar a inovação em vários setores, entre eles o agro, com juros de 4,5% ao ano.

Na visão do vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Ribeirão Preto está, nesse momento, no centro das atenções do país, não só pela realização da Agrishow, como pelas oportunidades representadas por essas medidas, principalmente para a indústria da cana-de-açúcar.
Reivindicações
O tom adotado por Alckmin, que recebeu em nome do governo federal uma homenagem feita pela organização da feira, contrastou com discursos inflamados, como do deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).
Lupion cobrou que o Plano Safra 2025/26 seja “robusto”, com atenção, principalmente, ao seguro rural e ao fundo de investimento para o agronegócio (Fiagro). “Que a gente tenha um Fiagro sem taxação”.
Alckmin prometeu levar as demandas para serem discutidas no governo, mas antecipou que existe uma atenção para aumentar a disponibilidade de recursos em relação ao ano passado. Ele não chegou a falar em valores porque dependerão das possibilidades de equalização dos juros mediante à taxa Selic, que está em 14,25%. “Espero que a Selic não suba”, declarou, em entrevista coletiva após a abertura.
Discursos
A abertura da Agrishow teve alguns momentos que lembraram o clima de campanha política, protagonizados, principalmente, por Ronaldo Caiado, que chegou a dizer que ele, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não compareceu e foi representado por Guilherme Piai, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, compõem a melhor safra de governadores da história do Brasil. E projetou, inclusive, sair vitorioso nas próximas eleições — recentemente Caiado lançou a pré-candidatura à Presidência da República. Zema não comentou e se limitou a abordar ações do governo dele em prol do agro.
Começa nesta segunda-feira
A Agrishow, que começa nesta segunda-feira, 28, e vai até sexta, 2, espera receber um público de mais de 200 mil pessoas e movimentar 15 bilhões de reais em negócios, 10,3% a mais na comparação com o ano passado.
O secretário da Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, declarou que “se o agro brasileiro deixou de ser importador de alimentos para se tornar exportador, isso se deve à Agrishow”. Ele apresentou medidas adotadas pelo governo de São Paulo em assentamentos estaduais, como a concessão de títulos de posse e a construção de 722 moradias populares.
Piai também afirmou que, até o final deste ano, o estado deverá concluir 200 mil Cadastros Ambientais Rurais (CAR), número que corresponderia à metade das propriedades rurais paulistas.
O presidente da Agrishow, José Carlos Marchesan, destacou os investimentos que a organização da feira fez para a edição desse ano. Segundo ele, mais de R$ 5 milhões foram destinados a melhorias na infraestrutura, como o asfaltamento das avenidas. “Para o ano que vem, vamos terminar de fazer todas as ruas”, prometeu.

Ele acredita que a 30ª edição da feira será marcada pela tecnologia de ponta, como equipamentos com inteligência artificial, ampliação da participação feminina e maior integração com os pequenos produtores, que poderão conhecer as novidades apresentadas pelos 800 expositores em 520 mil metros quadrados de área, entre elas 40 startups.
Após a fala de Marchesan, foram homenageadas as quatro empresas que garantiram a continuidade da realização da Agrishow em 1995 após problemas financeiros: Baldan, Marchesan, Jumil e Jacto. Também foi reconhecido Sérgio Magalhães, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) na época, que assumiu a organização do evento. Além disso, receberam homenagens outras sete marcas, que, com essas quatro, nunca se ausentaram da feira nas 30 edições.
O prefeito de Ribeirão Preto, Ricardo Silva (PSD), disse que a feira deverá movimentar R$ 500 milhões na economia da cidade e região, gerando 7 mil empregos diretos e indiretos. Ele anunciou que existe uma obra aprovada para melhorar o acesso da Avenida Independência, uma das principais do município, à Rodovia Antônio Duarte Nogueira, onde é realizada a feira. A obra deverá chegar, segundo ele, com o novo complexo do Hospital das Clínicas (HC), a ser construído pelo governo paulista.
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