O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) descartou nesta terça-feira, 29, a venda da Fazenda Santa Elisa, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A possível comercialização da área e de outras localidades dedicadas à pesquisa no estado está em debate desde o final do ano passado (entenda o caso abaixo). 

A medida tem gerado críticas por parte da comunidade científica, pois desde 1932, variedades de café desenvolvidas a partir do banco de germoplasma da Fazenda Santa Elisa têm sido amplamente adotadas no Brasil e no mundo. Hoje, estima-se que 90% dos cafés brasileiros utilizam essas variedades.

Segundo o governador de SP, as áreas que estiverem sendo usadas para pesquisa serão preservadas. “A gente vai vender aquilo que de fato for ocioso, aquilo que está sendo usado em pesquisa, nós não vamos mexer. Então, esquece que a gente vai vender a Fazenda Santa Elisa, não vai”, afirmou Tarcísio a jornalistas durante sua visita à Agrishow 2025. 

O governador salientou que o estado de São Paulo não pode abrir mão de patrimônio imobiliário. De acordo com ele, já foram alienados R$ 700 milhões em imóveis durante a gestão dele. “É um número expressivo, mas a gente tem muito mais para alienar e obviamente a gente não vai mexer com aquilo que tem a ver com ciência, com aquilo que tem a ver com o futuro” disse. 

Entenda o caso que envolve venda de fazenda do IAC

A possível venda de parte da Fazenda Santa Elisa do IAC foi denunciada pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) em outubro de 2024. Na ocasião, a APqC expressou preocupação com a ação do governo estadual de “fatiar” e vender áreas experimentais de pesquisa. 

Desde então, entidades de pesquisa e do setor produtivo também se posicionaram contrários à venda. Ainda em outubro do último ano, a Federação da Agricultura e Pecuária do estado de São Paulo (Faesp) enviou ofício ao governador Tarcísio solicitando que reconsidere a possibilidade de comercialização da área e que preserve a unidade de pesquisa do IAC.

No dia 23 de abril, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que o Estado apresente à comunidade científica um plano de ação sobre impacto nas pesquisas realizadas nas 35 áreas experimentais que o governo de Tarcísio pretende vender. Alguns dias antes, a Justiça de SP havia acolhido o pedido da APqC e suspendeu uma audiência pública que discutiria a alienação das áreas. 

*Jornalista viajou a convite da CDI Comunicação

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