RIO DE JANEIRO – O Web Summit Rio 2025 não se limitou aos negócios no último dia do evento, nesta quarta-feira (30). O comportamento e a cultura digital também foram tema de discussões, com debates e apresentações sobre vida nas redes sociais, o poder dos influenciadores e o impacto das redes sobre a saúde mental.

No palco central do evento, a atriz e ativista Taís Araújo e o CEO da L’Oreal Brasil, Marcelo Zinet, discutiram a transformação dos padrões de beleza no país e o papel dos criadores de conteúdo nessa mudança de paradigma.

Zinet falou do Beleza Mais Diversa, programa da L’Oreal Brasil em parceria com o TikTok e a Mover, que capacitou e acelerou a carreira de 50 criadores de conteúdo negros. Hoje, os influenciadores somam mais de um milhão de seguidores e aumentaram em cinco vezes a performance de seus conteúdos depois do projeto.

Para Taís, trazer diversidade e representatividade na comunicação das marcas faze os consumidores brasileiros se sentirem mais representados. “Isso faz com que o público se sinta contemplado pelas empresas e com que as marcas sejam vistas com mais simpatia pelos consumidores”, afirmou.

Para Zinet, a L’Oreal aprendeu muito no contato com os influenciadores, em especial sobre o comportamento do público brasileiro.

Os riscos da hiperconexão para a saúde mental

Com mais de 30 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora digital Bianca Andrade, a Boca Rosa, observou que as redes sociais trouxeram oportunidades impensáveis para ela, uma mulher da periferia. No entanto, mostrou preocupação com o excesso de conectividade.

“Nosso cérebro está apodrecendo com o excesso de informação. Estamos perto de quem tem um celular e longe de quem está ao nosso lado”, disse Bianca. “As redes sociais mudaram minha vida, mas as pessoas precisam ter momentos de desconexão e desligar os celulares, se não, no longo prazo, perdemos todos.”

Outra influenciadora de peso no Web Summit Rio, Jade Picon ressaltou a importância de preservar a saúde mental na era da hiperconexão. “Estamos expostos à críticas o tempo todo, com uma carga de trabalho imensa e isso não é um problema só meu, é de todo mundo”, destacou.

Responsabilidade digital

A responsabilidade de quem usa as redes como plataforma de criação de conteúdo também foi discutida no evento. Um dos maiores influenciadores do mercado de games no país, Bruno Playhard observou que a criação de conteúdos com responsabilidade é fundamental. “Ela garante mais sucesso e uma carreira mais longeva”, afirmou.

Dividindo o palco com Bruno, outro influenciador gamer, Vítor Coringa, lembrou que seus pais diziam para ele parar, quando passava horas e horas em frente à tela, jogando videogames. “Eles tinham razão”, destacou. “É nossa responsabilidade como influenciadores alertar o público nas transmissões sobre a necessidade de se desligar, conversar com alguém, dividir os problemas, lembrar às pessoas que elas não estão sozinhas”, afirmou.

Brasil lidera comunidade de Devs na América Latina

Além dos problemas da vida digital, o Web Summit Rio também foi palco para inovações tecnológicas impulsionadas pela Inteligência Artificial. “O Brasil tem a maior comunidade de desenvolvedores de IA em open source do mundo e maior da América Latina, está investindo em infraestrutura e possui recursos abundantes em energia limpa e renovável”, resumiu Shelley McKinley, CLO (Chief Legal Officer) da GitHub, maior comunidade global de IA em código aberto, responsável pela criação da plataforma Copilot, em entrevista ao InfoMoney.

“São 5,7 milhões de desenvolvedores no Brasil, e o número de brasileiros em projetos de IA cresceu 41%, com um aumento de 55% no número de contribuições para os projetos”, acrescentou McKinley. “Isso dá ao país condições de se manter na vanguarda do desenvolvimento dessa tecnologia.”

A estratégia da Meta para IA

Enquanto isso, a Meta aposta na abertura de código de suas plataformas para democratizar o acesso às soluções de Inteligência Artificial. No palco central do Web Summit Rio, Maren Lau, vice-presidente da Meta para a América Latina, falou sobre a estratégia da empresa. “Queremos que as pequenas empresas tenham acesso a ferramentas que simplifiquem o desenvolvimento de suas próprias soluções de IA”, afirmou.

Segundo Maren, a plataforma Llama, que está chegando à quarta versão, já soma cerca de 1,2 bilhão de downloads. “Isso permite que organizações como a Nova Escola, do Brasil, desenvolvam soluções como o Alfa Tutorial, que desenvolve atividades sob medida para estudantes com base na análise de milhares de planos de aula”, disse.

DigAí vence o Web Summit Pitch

A Inteligência Artificial também se destacou no Web Summit Pitch, competição de startups realizada ao longo do evento. Dos três finalistas, duas empresas tinham como proposta de negócios, soluções baseadas em IA. Ao todo, foram 1.400 startups inscritas e 35 selecionadas para apresentação durante o Web Summit Rio 2025. A grande vencedora foi a DigAí, empresa focada em IA conversacional para negócios, com soluções para recrutamento e renegociação de dívidas.

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