Parceria impulsiona a agricultura familiar fluminense
Apesar de não figurar entre os principais estados produtores agrícolas do Brasil, o Rio de Janeiro tem intensificado os investimentos no setor. E a agricultura familiar ganha cada vez mais protagonismo.
No último ano, 120 projetos de pequenos empreendedores fluminenses receberam R$ 5,4 milhões em aportes, por meio do Agrofundo, programa de fomento agropecuário e tecnológico da secretaria de Agricultura do Rio de Janeiro, executado pela Emater-Rio. O valor em 2024 representa um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior.
Entre os beneficiados, destacam-se os projetos de produtores orgânicos, floriculturas, frutíferos, agroindústrias, iniciativas de energia limpa, pecuária leiteira, avicultura e café. Os agricultores Elisângela da Silva e Alexandre Ramos são exemplos desse novo ciclo de transformação.
Moradora da zona rural de Vassouras, no centro-sul fluminense, desde garota, Elisangela sempre trabalhou no campo, mas nunca em seu próprio negócio. O cenário mudou há pouco mais de quatro anos, quando ela decidiu investir em seu próprio sítio de dois alqueires. Iniciou, então, investindo em equipamentos e insumos para montar sua horta.
A grande virada na pequena propriedade ocorreu após a técnica da Emater-Rio, Adelaine Arneiro, sugerir a instalação de uma estufa para otimizar a produção. “Ela passou aqui perto e me viu colhendo os tomates. Então, me perguntou se eu tinha interesse em montar uma estufa. Eu disse que sim, que tinha muita vontade, mas sempre ouvimos de terceiros que era muito difícil, até impossível, e por isso nunca procuramos saber mais”, conta Elisângela.

A ajuda da técnica foi fundamental para a solicitação do Agrofundo. Um processo, segundo a produtora, muito rápido. “Em menos de dois meses, eles [Emater-RJ] conseguiram resolver tudo para a gente. Estava tudo praticamente pronto, só faltando eu encomendar o material para a estufa e resolver algumas questões no cartório”, explica a agricultora.
Com o investimento, hoje, Elisangela consegue cultivar duas lavouras de hortaliças por ano em suas duas estufas de 480 metros quadrados, cada uma. Além disso, ela aumentou a produtividade de sua produção de tomate e pimentão. Ambos são comercializados para o Ceasa-RJ, um dos maiores centros de comercialização de hortifrúti do estado.



Tradição e investimentos estratégicos
Outra história de investimento no setor agrícola fluminense está na cultura de café. Há seis gerações, a família Ramos cultiva o grão na Fazenda Cachoeira, em Santa Clara, no alto noroeste do Rio de Janeiro. Contudo, foi em 2018 que Alexandre e seu pai decidiram dar um passo importante e abraçar o mercado de cafés especiais.
Quatro anos depois, eles lançaram oficialmente o café Manduca, uma marca que presta homenagem ao seu tataravô, que veio de Portugal e iniciou a tradição de semear o grão no Brasil. “Como a gente conseguiu manter um padrão ao longo de alguns anos, em 2022, veio a marca, o café Manduca. Então, surgiu a ideia de, além da marca, ter todo o processo produtivo dentro da fazenda”, relata Alexandre.



A concretização deste outro sonho aconteceu em 2024, com a finalização da construção de uma torrefação na fazenda. “Agora conseguimos controlar todo o processo do café, desde o cultivo até a torra, o que nos permite garantir a qualidade que queremos oferecer aos nossos consumidores”, diz Alexandre.
Para o investimento, assim como Elisangela, os Ramos também acessaram os créditos do Agrofundo. Porém, como há um limite de R$ 100 mil foi necessário complementar o valor em cerca de 60%. “É um valor que não é suficiente, porque as coisas hoje também estão bem caras, então, a gente teve que inteirar um pedaço. Mas, por exemplo, se tivéssemos que arcar com todo esse valor de uma vez, sozinhos, ou pegar uma taxa de juros comum no mercado, seria bem difícil”, esclarece o cafeicultor. Ele explica que os juros pagos são de 2%, com 15 meses de carência e prazo de cinco anos para pagamento.
Além de focar na produção de cafés especiais, os Ramos também se dedicam à sustentabilidade. “Temos uma produção agroecológica, com diversas ações na propriedade, desde a preservação de nascentes até o plantio consorciado de outras culturas, como banana, milho e feijão, no meio do café”, relata Alexandre. Aproximadamente 30% da propriedade é composta por mata nativa, preservada pela família.


A aposta na qualidade dos grãos tem rendido frutos: a marca foi premiada no concurso regional de cafés especiais, conquistando o primeiro lugar em 2023 e 2024. “Esses prêmios nos mostram que estamos no caminho certo e nos motivam a continuar. As parcerias que estabelecemos são catalisadoras para atingirmos novos mercados e ampliarmos o sucesso da nossa produção”, afirma Alexandre.
Agrofundo, além do café e hortaliças
As linhas de crédito do Agrofundo atendem diferentes demandas do setor agropecuário fluminense. Os recursos estão disponíveis para iniciativas como o melhoramento genético de rebanhos (Rio Genética), o fortalecimento de agroindústrias familiares (Prosperar), a fruticultura (Frutificar), a produção de flores (Florescer), sistemas de cultivo orgânico (Cultivar Orgânico), a pesca (Multiplicar) e a produção cafeeira (Rio Café).
Outras linhas, como Rio Leite, Rio Ovinos, Rio Mel e Rio Aves, fomentam a pecuária leiteira, a ovinocultura, a apicultura e a avicultura, enquanto o Rio Energia Limpa incentiva a adoção de tecnologias sustentáveis, como a energia solar. Os produtores fluminenses interessados em acessar visitar os escritórios da Emater-Rio.
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