Setor avalia como positivas propostas anunciadas pelo governo, mas estima pouco impacto
Após um dia inteiro de reuniões, o governo federal apresentou as medidas para frear a alta dos preços dos alimentos, nesta quinta-feira, 6. Mais de 20 nomes de diferentes entidades e empresas participaram do encontro com os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, membros do Ministério da Fazenda e da Casa Civil, além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Conforme mostrou o Estadao.com, na tentativa de reduzir o preço de produtos como carne, café, açúcar e milho, o governo anunciou que vai zerar a alíquota do imposto de importação desses itens.
Na avaliação geral das entidades ouvidas pelo Agro Estadão, as iniciativas são “boas, mas devem apresentar pouco impacto”. No caso do açúcar, a alíquota de importação sairia de 14% para zero. O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evando Gussi, disse que foi uma boa alternativa encontrada pelo governo. Porém, também ponderou que ainda é cedo para ver os resultados, já que atualmente o Brasil não importa o produto.
“Não existe esse fluxo [importação de açúcar] hoje. Nós não temos, por exemplo, séries históricas que nos possam prever qual será o comportamento [se houver a necessidade de importar]. Então, vamos ter que observar agora como esses fluxos vão acontecer”.
Gussi acredita, no entanto, que os custos de produção e os modelos de negócios podem ser impactados. “Não estou falando do setor em si, mas de todo o processo de produção e produtividade. A partir do momento em que você se submete a um processo mais intenso de competitividade, inovação, desenvolvimento, busca por melhores fornecedores, toda essa cadeia de valor pode, teoricamente, ser impactada, com redução dos custos e, como consequência, a redução dos preços”, pondera.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, também participou do encontro no Planalto. No caso das carnes, a proposta também é reduzir a zero os impostos de importação do produto. Ao Agro Estadão, Santin disse que a “avaliação é positiva” e que os anúncios vão “ajudar nos esforços [para melhorar a situação]”.
De acordo com o diretor-executivo da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), a discussão com o Executivo Federal segue para mais avanços. “Nosso setor continua em diálogo com o governo. As propostas foram mais com relação à produção de alimentos”, afirmou Donizete Tokarski .
Manter de forma indefinida misturas de biocombustíveis em combustíveis esteve em discussão
Uma fonte ligada ao setor de biodiesel disse à reportagem que os efeitos das medidas anunciadas para os produtos derivados de óleo “é zero”. A análise é de que a ideia de zerar as taxas de importação do óleo de soja foi um aceno ao governo, mas sem efeitos práticos, pelo menos no curto prazo.
Além disso, outro temática sobre o tema foi sondada durante a reunião. A sugestão de manter as misturas de etanol na gasolina e do biodiesel no diesel nos atuais patamares de forma indefinida. Recentemente, o CNPE decidiu manter em B14 a mistura no diesel, porém com um indicativo de reavaliação na próxima reunião do CNPE. O próprio ministro Carlos Fávaro disse que a expectativa era de retorno em dois meses.
Atualmente, a mistura do etanol na gasolina é de 27,5% e de biodiesel no diesel é de menos 14%. A recente lei dos Combustíveis do Futuro estipula um calendário para ampliação para B15. Pela legislação, isso deveria ter ocorrido em 1º de março. A lei também prevê que esse calendário pode não ser seguido pelo governo.
A justificativa levada pelo Executivo para manutenção indefinida da mistura é de que os preços do DDG e do farelo de soja poderiam subir e encarecer a carne, já que são insumos para produção de proteínas animais. Porém, a argumentação do setor é de que, na verdade, acontece o contrário, já que esses subprodutos teriam mais oferta.
Depois de uma longa discussão sobre o assunto, o governo recuou em anunciar alguma medida nessa direção. O setor esperava uma posição com dados que comprovem o argumento do Executivo, o que não foi feito.
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