
Após o encontro do Grupo de Trabalho (GT) da Agricultura do BRICS — onde foi elaborada uma nova agenda agrícola com foco em sustentabilidade e segurança alimentar — o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, falou sobre as tarifas impostas pelo presidente norte-americano ao Brasil e às demais nações. Na fala aos jornalistas, o titular da pasta afirmou que o tarifaço de Donald Trump motiva o fortalecimento do bloco econômico dos países emergentes.
“A afronta, neste momento, por parte do governo norte-americano — um protecionismo sem precedentes que cria barreiras tarifárias —, certamente nos induz ao fortalecimento do bloco. Buscamos, nisso, oportunidades. Cada país membro traz à mesa suas potencialidades, e discutimos juntos a ampliação das relações comerciais”, disse em coletiva de imprensa.
Diante da guerra tarifária entre EUA e China, o ministro Fávaro afirmou que, apesar do tamanho e da relevância da agropecuária norte-americana, “o Brasil é um dos pouquíssimos — ou talvez o único país do mundo — com a potencialidade de expandir, no mínimo, 40 milhões de hectares de áreas em estado de degradação e incorporá-las ao sistema produtivo com alta tecnologia”, destacou. Considerando que o Brasil tem duas safras por ano, o potencial de cultivo poderia chegar a 80 milhões de hectares em um ano.
Comércio de carne bovina com o mercado chinês
Perguntado sobre a possível rejeição do governo chinês às carnes bovinas de 28 frigoríficos brasileiros indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Fávaro disse que não houve rejeição. “Eles estão avaliando. Se fosse um problema específico, seria [rejeitada] uma ou outra planta frigorífica. Como foram todas, é impossível dizer que todas erraram. O ministro do Comércio chinês me disse que eles pretendiam avançar nas compras de suínos e frangos em 2025. Portanto, já era um indicativo de que eles queriam frear um pouco a compra de carne bovina”, avaliou.
Com a decisão da China de suspender cerca de 60% das compras de carne bovina dos Estados Unidos, o titular do Mapa ressaltou que, embora não se deva comemorar momentos de instabilidade, há uma oportunidade para serem revisadas as pendências com esses frigoríficos brasileiros, além de ampliar a lista dos indicados. “O Brasil tem plenas condições de suprir essa demanda com qualidade e segurança sanitária”.
Amparo ao produtor diante das mudanças climáticas
Presente na coletiva, a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fernanda Machiaveli, reforçou que “está constante na Declaração Ministerial de Agricultura a busca por financiamento para superar, não só a questão da insegurança alimentar, mas especialmente a questão da adaptação climática”.
“É importante dizer que, embora seja responsável por grande parte da produção de alimentos no mundo e desempenhe um papel fundamental na mitigação dos efeitos climáticos, a agricultura familiar recebe apenas 1% dos financiamentos internacionais voltados à adaptação e mitigação climáticas. Portanto, é necessário reverter esse quadro”, declarou.
O ministro Fávaro aproveitou para relembrar os programas já existentes no Brasil voltados ao fortalecimento da resiliência do setor diante dos desafios climáticos. Entre eles, o Fundo Clima, o Eco Invest Brasil e os recursos do Plano Safra para recuperação de pastagens degradadas.
O post Tarifas dos EUA impulsionam fortalecimento do BRICS, diz Fávaro apareceu primeiro em Agro Estadão.
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