Temporada atual de La Niña deve terminar em breve, segundo a OMM
A temporada do La Niña deve chegar ao fim em breve, com previsões indicando uma transição para condições meteorológicas neutras A atual temporada do La Niña, iniciada em dezembro de 2024, está prevista para terminar em breve, conforme comunicado divulgado nesta quinta-feira (6) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). As medições de centros globais de previsão sazonal, ligados à OMM, indicam uma probabilidade de 60% de transição para condições neutras entre março e maio, e de 70% entre abril e junho.
O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anômalo da superfície do Oceano Pacífico Equatorial. Esse declínio na temperatura ocorre devido ao fortalecimento dos ventos alísios, que transportam grandes volumes de água quente para o oeste, permitindo a ascensão de águas mais frias das profundezas oceânicas.
Esse deslocamento altera a circulação atmosférica tropical, provocando mudanças nos padrões de vento, pressão e chuvas. Em geral, os efeitos do La Niña contrastam com os do El Niño, fenômeno associado ao aquecimento das águas do Pacífico, especialmente nas regiões tropicais, como o Brasil. Para o clima brasileiro, o fenômeno intensifica a temporada de chuvas no Norte e Nordeste e trás secas e calor ao Sul.
“As previsões sazonais para El Niño e La Niña e os impactos associados nos padrões climáticos e meteorológicos em todo o mundo são uma ferramenta importante para informar alertas e ações antecipadas e são um dos vários serviços oferecidos pela comunidade da OMM para dar suporte à tomada de decisões”, disse Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, em comunicado.
De acordo com as medições meteorológicas, as temperaturas oceânicas, que estavam mais baixas devido ao La Niña, devem retornar à média habitual nos próximos meses. Apesar da incerteza inerente às previsões de longo prazo, os pesquisadores consideraram a probabilidade de desenvolvimento do El Niño entre março e junho extremamente baixa.
A ‘barreira de previsibilidade da primavera’, que dificulta a precisão das previsões climáticas no Hemisfério Norte, representa um obstáculo para a previsão de eventos como El Niño e La Niña. No entanto, a tentativa de realizar essas previsões são essenciais para que governos, agricultores e a população se preparem, minimizando os impactos de eventos climáticos extremos.
Em 2021, o fenômeno La Niña provocou uma série de chuvas fortes no sul da Bahia, resultando em inundações e deslizamentos de terra que deixaram milhares de pessoas desabrigadas. “Essas previsões se traduzem em milhões de dólares em economias econômicas para setores importantes como agricultura, energia e transporte, e salvaram milhares de vidas ao longo dos anos ao permitir a preparação para riscos de desastres”, completou Saulo.
Mudanças climáticas
Apesar das temperaturas mais amenas geralmente associadas ao La Niña, janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado, com uma média 1,75°C acima do nível pré-industrial, segundo a OMM. As previsões da última Atualização Climática Sazonal Global (GSCU) indicam temperaturas acima da média em quase todas as áreas terrestres do mundo, com temperaturas da superfície do mar acima do normal persistindo em todos os principais oceanos. Essa tendência ressalta a complexidade da interação entre os fenômenos climáticos e o aquecimento global, tornando a previsão de seus impactos ainda mais desafiadora.
Share this content: